but Heaven is where Hell is..

domingo, 13 de novembro de 2011

amo-te.

Já lá vai algum tempo e não sei muito bem como começar, muito menos neste registo.

Do que se trata é da celebração da uma vida, ou melhor, de duas vidas, que no fundo são uma.
Neste blog nunca falei do amor.
Melhor dizendo, neste blog sempre falei do amor, em cada texto, música ou foto ele estava presente, mas na sua vertente negra, ao contrário, como que inconscientemente.
Agora falo dele de frente, na sua vertente colorida e consciente.


Apesar de aqui se celebrar uma data, não é o tempo que está em questão mas sim a intensidade com que se vive. E essa meu bem, é grande em cada momento.
Sei que não sou a pessoa mais romântica do mundo (longe disso), mas é pelas pequenas coisas que EU me guio e TU aquela que me compreende assim na maioria das vezes, pois tu completas-me e preenches-me.
Sei que compreendes muitos dos meus pequenos gestos, algo tímidos, mas que para mim são um grande avanço nestas andanças do que é o amor puro.

Se me perguntarem qual a mais linda história de amor eu respondo sem hesitar: a NOSSA.
Eu sei, e tu sabes que assim é.
Sabes pequenina, a ausência cura.
Só assim se sabe o que realmente nos faz falta. Assim, como quem nos corrói por dentro e damos por nós a pensar naquilo que não temos, mas que nos faz tanta falta como respirar.
Só assim sentes na pele o que é deitares-te na cama, estares exausto e quereres dormir, mas o teu pensamento e a tua cabeça voam para aquele lugar onde não estás, para junto daquela que não tens e mata-te por dentro. Matam-te literalmente.
Só assim sabes quando bates mesmo no fundo, pois quando isso acontece é naquele abraço, naquele perfume, naquele olhar, naquelas palavras silenciosas que tu pensas e onde queres estar.
Só assim é que te via em tantas pessoas diferentes: via nelas gestos teus, expressões tuas, até mesmo o teu perfume.
Só assim se dá real valor àquilo que se tem, e quando se volta a ter sentes a tua vida a tomar um rumo e a ficar estável, dentro do possível.

Passado este tempo todo aqui estamos nós, a re-inventar a nossa história de novo e desta vez de uma maneira mais crescida e melhor que nunca!
E como muitas vezes o mais simples é o mais sentido, apenas tenho a dizer que te amo.
Escrevo assim, em letras minúsculas, pois aquilo que sinto nem em letras maiúsculas se consegue expressar e não quero de maneira alguma tentar expressá-lo através da escrita grande e bruta, pois apenas iria banalizar o sentimento.

"Amo-te.
Só te amo.
Amo-te só tanto.
Só te amo só tanto. "

<3

quinta-feira, 28 de julho de 2011

- Where are you ?
- Here.
- What time is it ?
- Now.
- What are you? 
- This moment.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Palavras

deitas-te e mal fechas os olhos vês aquilo que não queres. O teu cérebro bombardeia-te de imagens, memórias e sentidos. sim, sentidos, que os sentimentos esses já se foram há muito. Pelo menos os bons, aqueles que valem a pena sentir.
Enquanto és insuflado com esses pedaços de tanto, tentas abrir os olhos e levantar-te mas não consegues. E ali ficas, como que numa tortura daquilo que um dia foi teu e que agora te foge, por entre os teus dedos, se desvanece e é acolhido e apertado noutros dedos, mãos e braços que não os teus.
A tua testa começa a suar, os teus braços abertos e presos acabam nas mãos que agarram o lençol, também ele já molhado ao passar de cada imagem, o teu corpo treme e as pernas mexem-se invariavelmente e sem sentido.
Uma imagem, um cheiro um toque.
Tentas fechar os olhos com mais força e adormecer mas não consegues.
Um som, um abraço, um beijo.
sem dares conta as tuas mãos agarram a camisola molhada e puxam-na, até a sentires a romper de raiva.
Sentes-te como um drogado numa das piores ressacas que já tiveste e não encontras a tua droga preferida em lugar algum.
Mas LUTAS !
Uma luta só tua. Das que mais te custa, mas a que vai saber melhor quando ultrapassares, se ultrapassares.
Perdes a noção do tempo e não sabes quanto dele passou.
Quando estás quase a dar de ti, prendes-te àquilo por que vale a pena existir e, num último esforço, largas todo esse passado de memórias e abres os olhos.
Sentas-te.
Passas as mãos na cara, suada.
Olhas em volta e pensas no que aconteceu.
Apercebes-te de que não te lembras de nada, mas sentes-te mais leve, mais novo, com vontade de VIVER !
Levantas-te e vais tomar um banho.
Sacodes os demónios que te possuíam à tanto e tanto tempo, vestes aquela roupa nova que nunca chegaste a estrear e sais:
Sais do quarto, sais de casa, sais do teu velho EU e constróis novas amizades, novos amores, novos colegas, novos sítios, novas aventuras. Fazes merda, limpas essa merda. Sentes-te mal com as tuas atitudes, mas cresces e não voltas a repetir velhos erros.
Olhas para trás e vês que aquele tempo todo que passaste fechado no quarto simplesmente não valeu a pena e que apenas foi tempo perdido. Tempo esse que tentas recuperar agora,
agora que VIVES !

"Estás entre a vida e a morte, tal como o fogo e a água
 dentro de ti contrasta a paz, a guerra o amor e a mágoa.
 olha p'ra dentro e diz-me o que vês..
 agora olha à tua volta... Nasce outra vez!"

terça-feira, 7 de junho de 2011

Fim de tarde

"São quatro da tarde e o sol brilha. ALTO. quente. cheio.
Angus e Kate fazem o caminho de mãos dadas enquanto enterram os pés na areia, também ela quente e cheia.
Sentam-se numa rocha à beira mar e observam o que o mundo lhes dá.
Enquanto se desfazem dos acessórios, uma rajada de vento passa por eles, forte e destemida, como que a dizer que estão a invadir um espaço só seu. Mas que deixou de o ser.
Deixou de o ser no exacto momento em que as mãos se entrelaçam e os lábios se tocam, enquanto os olhos fechados trazem em si a imagem de momentos antigos que agora se tornam presentes.
O sol cheio brilha na água, carregada de pequenas ondas que apesar de agitadas a única coisa que trazem é calma. A calma necessária de um fim de tarde junto ao mar, embalado pelo calor e pelo aconchego, suavizado pela leve brisa que sopra, resignada, e cede aquele seu lugar, abanando os cabelos num misto de calma e rebeldia tão característicos.
O vento resignado, vingativo por não pertencer mais ao seu lugar, leva o tempo consigo e o relógio adianta-se mais que o esperado.
 De regresso a casa, Angus e Kate despedem.se com um abraço tão profundo que os faz querer voltar ao que têm e que só a eles pertence. "

domingo, 5 de junho de 2011


"And there's gold falling from the ceiling of this
world
Falling from the hearbeat of this girl 
Falling from my heart"



sábado, 14 de maio de 2011

sonhos de preto

não, não podíamos.
não assim.
Tristeza.
Sinto o peso de um ano de trabalho desabar sobre o meu corpo.
Desilusão.
Estou cansado. Mesmo cansado.
É irónico, no dia de aniversário a frase mais ouvida é "que todos os teus sonhos e desejos se realizem", mas é exactamente nesse mesmo dia que o maior sonho, aquilo a que me tenho agarrado tanto ultimamente, cai por terra.
A vida é assim, fodida.
Há que seguir em frente, mas não sei se hoje ainda tenho essa força.
Escrevo para soltar algum desse peso, e tentar sair de casa, porque afinal hoje faço anos..
                                                                    ...e que rica prenda.

terça-feira, 26 de abril de 2011

uma história sem sujeito

O brilho dos olhos.

"(...) como de costume, chega mais tarde do que deveria, mas chega. Estaciona apressadamente, sai do carro e olha disfarçadamente para ver com o que conta. 
Segue para um abrigo não tão abrigado do vento como podia parecer, mas mesmo assim senta-se, do lado do vento, para não o deixar fugir para outro lado que não o seu. 
e ali fica, a dar e a receber mais um pouco de si.
as nuvens cinzentas lá longe fazem-se acompanhar de uma brisa fresca, que apenas serve para aconchegar e limpar a alma de toda a sujidade que fica esquecida por momentos, enquanto é levada e lavada por essa mesma brisa.
mais rápido do que seria de esperar, as gotas de água caem, ainda que a medo, e fazem-se sentir. Nas rochas, na água, na copa verde das árvores, em todo o lado. 
Coloca o carapuço do seu casaco velho para evitar molhar o seu cabelo seco e despenteado. Passa a mão por cima da cabeça tapada e apercebe-se que não tem nem uma pinga, apesar de continuar a chover.
Chove em todo o lado menos naquele metro quadrado de vida.
Entre o tempo que vai desde que se apercebe até que estranha esse fenómeno, a chuva começa a cair com mais força e aí sim, chove em todo o lado. 
Levanta-se e vai-se sentar numa mesa coberta por um pequeno telhado.
Senta-se em cima da mesa ao mesmo tempo que põe os pés sujos de lama em cima do banco de mármore também ele sujo, pelo tempo.
E repara na água a cair na água.
Enquanto a água que cai do céu toca água que está parada, esta brilha.
Sim, brilha mesmo.
um brilho natural, provocado pela conjugação da água que cai, da que se levanta, do sol escondido atrás das nuvens, da luz fraca e dos seus olhos, que também brilham. 
e ali fica, a ver o brilho da água e a absorver a simplicidade dos momentos que se vivem. "

Tristan La Cienega

segunda-feira, 25 de abril de 2011

enquanto houver estrada para andar..

no seguimento do post anterior apareceu-me esta música que em algumas partes traduz melhor aquilo que eu não consegui dizer por palavras.



"que a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo.."

25 de Abril

Hoje comemora-se a liberdade.
liberdade !
Assunto que tanta controvérsia (me) traz e assim continuará.


há quem diga que a liberdade é boa, há quem diga que é má.
a verdade é que não há nem pode haver quem garanta qual das duas partes é que está certa. Por isso resta escolher uma delas, agarrar-se com maior ou menor dificuldade e seguir, com todas as consequências que isso possa trazer.
Porque acima de tudo, hoje comemora-se Abril !




sexta-feira, 22 de abril de 2011


"Hello. Don't be scared. I want you to know, you're not dead."

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tributo ao tempo

"Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança que brinca às escondidas. Infelizmente, às vezes, não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa à qual não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos... A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria! E como ela é feita de instantes, não pode e nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto àquele tempo que soubeste aproveitar no passado quanto àquele tempo que não vais desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora! "Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

Dalai Lama

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Wash my skin of all the hate.

sim, passado uma semana ainda tenho dentro de mim o peito a arder, mas não pelas melhores razões, não pelas quais deveria/poderia ser.
não.
Trago dentro de mim a revolta de um último ano de trabalho que, embora não tão organizado como o ano passado, exige grande esforço e dedicação na mesma.
Trabalha-se duro, traçam-se objectivos, traçam-se metas, criam-se ilusões, sonha-se, para quê ?
no fim de contas tudo é deitado fora por uma irresponsabilidade e age-se como se algo de normal se passasse.
tudo não passa de uns meros "se".   
-se lá estivéssemos
-podíamos ter chegado longe
-este ano era para ganhar
Foda-se.

tenho de deitar cá p'ra fora essa raiva,  que me tem apertado nesta última semana, apesar de evitar pensar.
talvez por não pensar ainda a trago dentro de mim, essa que não me deixa aproveitar aquilo que de melhor esta semana me deu.
Agora duas semanas na terrinha, a ver se volto a encontrar a serenidade e tento canalizar essa "força" para fazer algo de bom.

domingo, 3 de abril de 2011

Palavras trazidas pelo vento

"... ela abandona a sua posição inicial, deita-se no seu colo e pede silenciosamente para que ele lhe acaricie o cabelo e lhe toque a alma. Ele assim faz, pelo menos a parte do cabelo.
Nunca teve jeito para estas coisas, mas esforça-se e faz o melhor que pode. 
O filme já vai longo e tudo o que fica é aquele momento de simplicidade, tão cheio.
Quando se dá conta, tudo no quarto permanece imóvel. A calma apenas interrompida pela constante mudança de imagens no computador.
Apenas se ouve a respiração de duas, entre milhões de pessoas, presas no tempo.
Angus apenas vislumbra a sombra reflectida pela luz do ecrã e repara na imobilidade que se faz sentir. E continua a olhar, sozinho, com o pensamento bem longe.
Inesperada e alternadamente, vem-lhe um odor que lhe recorda tantas e tantas coisas boas e também más, enquanto lhe continua a passar as mãos desajeitadas pelo cabelo.
Por fim Karen acorda e, ainda confusa, deita-se frente a frente a ele e põe uma lista a tocar. Embalados pela música e pela luz fraca tocam-se, enquanto trocam palavras,  olhares inocentes mas maduros, e mais que isso, trocam (de) vida, mesmo sem o saberem..."


Porque há textos que aparecem sem contarmos e que realmente se adequam ( : 

domingo, 27 de março de 2011

rule number one




People say "you only live once"
But if you do it right
ONCE IS ENOUGH !

sábado, 26 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

uma história sem sujeito.

 Processos de purificação


"sexta feira à noite e fica só, não no seu lar mas em sua casa.
o dia é passado na cama, com a cabeça pesada e o corpo poluído por um ou outro copo que não deveria ter sido bebido na noite anterior.
liga o computador e põe a rolar um filme que alguém lhe passara com alguma intenção que iria agora descobrir.
continua na cama, com o corpo deitado, mas sente que é hora de se levantar para relaxar o corpo ainda pesado.
num repente, veste umas calças, a sua camisola quente vermelha de carapuço, pega no porta moedas e sai porta fora, com a cabeça tapada, com os óculos postos, querendo ser invisível e sem tirar os olhos, também eles pesados, do chão pois não lhe apetece ver ninguém.
chega ao supermercado, compra duas cervejas e um pacote de batatas fritas e volta a casa para acabar de ver o filme.
acabada a sessão de cinema, sente que chegou a hora de sair, para lugar incerto, passar algum tempo só consigo, sem interferências.
já passa da meia noite e quando se apercebe está num banco de jardim a saborear as batatas fritas acompanhadas da cerveja que sobrou.
anda alguns metros e, mais abaixo, senta-se e encosta-se a um muro talvez mais escondido do que pensara.
encosta a cabeça ao muro, fecha os olhos e tenta abstrair-se de toda a sujidade que vai na sua cabeça, enquanto sente a brisa fria da noite a percorrer-lhe a cara e a entranhar-se nos ossos que o seu casaco não consegue proteger. 
põe a tocar uma música não tão acidental como isso.
sente o pensamento a fugir, a alma a ser lavada e está longe.
bem longe.
ali permanece por algum tempo, limpando a mente das impurezas a que tem sido sujeita, ou pelo menos tentando fazê-lo. 
abre os olhos, levanta-se e volta a casa com a mente mais leve, mas com o corpo ainda pesado."

Tristan La Cienega

sexta-feira, 18 de março de 2011

é como quando te queres rir mas os teus músculos faciais estão sem força, sem responder ao que a tua cabeça pede.
e ainda assim ris-te, mesmo que não o mostres, ou não tenhas força para o mostrar.
mas ris-te.
e o importante é rir.
mesmo com a cara pesada, fechada, sem a expressão do sorriso.
mas por dentro, na tua cabeça, ris e ris, sem o conseguir mostrar.
até que chega um ponto em que lá esboças um sorriso, um pouco seco é verdade, mas serve para te desmascarares por um bocado e mostrares uma ínfima parte do que realmente és,  voltando à cara triste e pesada do início.
e continuas a rir.
porque no fim é mesmo isso que vale, um riso, um só riso, um sorriso.

"sorri, sou Rei!"

quinta-feira, 17 de março de 2011

 Perseguição da beleza

"Há quem persiga o poder, o dinheiro, a fama. Eu persigo a beleza. Não é uma escolha. É uma condenação. Sem beleza faleço. É um trabalho difícil, muitas vezes doloroso, cheio de revezes. Já passei dias e dias com as mãos na garganta apavorado que ela não volte a visitar-me. É difícil dizer o que é aquela poderosa presente ausência que nos oprime e agarra. Nunca está onde está, mas sempre um pouco mais longe, noutro sítio. Não são cores, imagens, sons, nem sequer a suave pele de uma mulher que me encantam. É o que está para além disso e que isso chama. A beleza corre o permanente perigo de a qualquer momento se desfazer em nada. É, na verdade, por completo insustentável. Não se pode medir, calcular, torná-la obedientemente exacta. É impossível provar que existe. Daí a urgência, o coração a bater na boca. A perseguição da beleza é uma corrida de obstáculos sem meta de chegada. Basta o som de uma voz para rasgar futuros. Basta uma fotografia de uma mala fechada sobre  uma cama para abrir horizontes. Todos os cuidados são insuficientes. É um trabalho longo preenchido de mistérios. Se se procura controlar, escapa. Se se procura guardar, esvai-se entre os dedos. Tem de ser roubada com toda a rapidez e mantida no movimento que é só dela. Se se tenta parar, fixar, já não vale a pena. O dinheiro tem certamente as suas vantagens. Uma das poucas coisas que serve para várias. E a beleza não serve de nada. Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. A tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que um qualquer fanatismo sabe que tem a fazer é demolir com a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. A beleza alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada."

Pedro Paixão

domingo, 13 de março de 2011

problemas de expressão.

há já algum tempo que não vinha aqui, não de verdade.
sinto no peito a necessidade de escrever, de traduzir a minha revolta em palavras, ou até mais, em letras colocadas sequencialmente de tal maneira que possam fazer sentido, pelo menos para mim.
mas a sequência das letras, apesar de correcta, não faz com que a sequência das palavras seja ela também ela correcta, deixando as frases de fazer sentido, pelo menos para mim.
não me estou a conseguir expressar.
a revolta permanece assim bem no sítio onde está(va) e ri-se de mim, como que a gozar.
e eu sem poder fazer nada.
resta-me escrever algumas letras, que vão dar origem a palavras, pela ordem que achar mais correcta, tendo não que fazer sentido elas.
não faz sentido.
osjfjiefa dsapijdwifwfh asdjq« ef s jf aiefj piefj eofjas ffijpejfasjfº ~.
continua sem fazer sentido.

e assim fico, com mais ou menos sentido, sem ser compreendido ou sem fazer muito por isso, porque a sequência está errada..
                                         .... e assim continua.
Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!"


                                           José Régio

sexta-feira, 11 de março de 2011

I guess.



You shouldn't be here...
I feel awkward, and good
To be near you,
Watch you rip through paper Wool...

Time may stall,
And i may be late...
I want it now,
But i guess i can wait...

You buy a bicycle,
I hear you coming over for Food...
Feed my appetite
With a mouthful of you...

Time may stall,
And i may be late...
I want it now,
But i guess i can wait...
I guess I can wait...

You shouldn't be here,
I feel awkward.


hope I'm not wrong

domingo, 27 de fevereiro de 2011

uma história sem sujeito.

"é tarde. 
Mais tarde do que deveria ter acordado num fim de semana tão normal quanto possa ter sido. 
Sai de sua casa, apressadamente, com uma mochila dos seus tempos inocentes de adolescente às costas, dois sacos sobrepostos no seu ombro esquerdo e um no direito, e vai para o carro, para iniciar a viagem para a sua terra natal, que tanto lhe diz apesar de o negar tantas vezes.
chega, também mais tarde do que deveria, ao seu paraíso local, sítio esse que tem acompanhado os seus regressos a casa tantas e tantas vezes ultimamente.
e lá vive.
um fim de tarde tão simples, honesto e inocente, que lhe faz (re)lembrar o tempo em que nada mais existia senão a pureza da vida, das palavras e, quem sabe, dos corpos.
Diz quem sabe porque não gosta da palavra quiçá.
palavras levadas pelo mesmo vento que agitou as águas quando se levantou e se virou para as apreciar de frente, sem medo nem coragem, apenas com a simplicidade e com a vontade de ver o vento partir, longe, espelhado pelo ondular da água suja pela imagem verde das árvores que partia lá longe, chegando perto de si em pequenas ondas, deixando antever a sua chegada fria à sua cara e ao seu cabelo, também ele levado pelo vento, que ali passava, deixando a sua marca de purificação momentânea.
o tempo passa, tão rápido quanto possa parecer e chega a hora de ir embora.
despede-se, entra no carro, pega o seu gorro quente, pois o tempo passa e fica tão mais frio do que estava quando chegou, e volta para uma rocha, ao acaso. 
desta vez não lhe apetece ficar numa rocha já por si conhecida. 
não.
apetece-lhe flanar, por entre tantas rochas, ervas e água diferentes. explorar o seu paraíso local numa tão normal tarde  de inverno que se torna diferente.
e caminha. 
e chega a hora de ir para casa.
e vai.
chega à sua CASA, vazia. 
senta-se no sofá, atrasando os seu compromissos, inventando uma desculpa esfarrapada para justificar o seu atraso.
depois de uma noite não tão normal e limpa quanto possa ter planeado, mete-se no carro e na viagem para casa, repentinamente sente uma revolta inesperada e gratuita que faz com que chegue a casa, dê de caras com a sua mãe, ainda acordada, lhe diga "olá" e segue para o seu quarto, para a sua cama e põe uma música que acalma a sua revolta, também ela momentânea, escreve e tenta adormecer. 
com o corpo tão puro quanto a sua tarde o fez parecer."

Tristan La Cienega

sábado, 19 de fevereiro de 2011

estou há uma hora em frente ao pc, não a vaguear mas sim a vadiar.
já abri o blog umas poucas de vezes e outras tantas menos uma o voltei a fechar.
tenho vontade de escrever, preciso de escrever, mas não estou com a mínima paciência.
as palavras não saem.
mais uma vez estou atrasado para sair de casa, mas ainda aqui estou, preso, inconscientemente, por um aperto que me faz querer ficar, mesmo não dizendo nada.
assim, escrevo esta meia dúzia de linhas, para me enganar a mim mesmo, na esperançar de me levantar aliviado e fazer o que tenho a fazer, sem ficar metade de mim para trás.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

'cuz heaven is where hell is..

 
 

"You lay your head into my lap
I strike your face
The taxi rushes through the night
I’m endlessly far away
Blue soldier moment
Oh sweet, grown-up woman
We’re hovering, gliding in the opposite of home
It is stickily-white, like heroin, thick, and it carries death in itself
Don’t worry, I will not try to sleep with you, I say
Staggering through your Kafkaesque dungeon
One thousand rooms
Losing myself there in your multiplicity and being blissful
Time is stretching toughly like plasticine
It is dark around me
I finally find your bed
Am I torturing you, darling? you ask
We pass away
I’m holding your black curly head in my arms
Breathing heavily and deeply
My heart is running
Oh night, oh grown-up woman, oh heroin
Sticky-white death
I’m choking, craning my neck into the heavy night air
Oh Yoon, your hair, bristly and smoky
I’m inhaling your smell
Our bodies full of sebum
Our lungs blackened
Death is lying in wait
But heaven is where hell is
The hell of decompensation pukes emotion
Pure emotion
Only emotion
Eternal emotion
I am nothing but emotion, no human being, no son, never again son
Only art, purity
Yoon, heroine, the detour has washed me to your shore
Where are you now?
I’m lying here in your arms, in the Glaslights of your brothel
Oh, lock me up in your grown-up heart"

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Don't underrate simplicity

Porque é disso mesmo que se trata: da simplicidade das coisas.
De um simples olhar.
De uma simples conversa.
De um simples vento gelado que acalma ou acelera esta doença, ou até mesmo que purifica a alma.
De um simples fim de tarde numa simples rocha.

Acompanhei o sol quando lá cheguei desde que ele se fez sentir, embora longe e fraco, até que foi substituído pela lua.
Mesmo em cima de mim, a lua.
A lua.
Brilhante como tão poucas vezes a vi, como que ligada à electricidade, com uma corrente forte e viva.
Acompanhada pela sua estrela de sempre. A estrela que a acompanha sempre, embora o seu brilho seja diferente a cada dia.
Mas sempre presente.
Mesmo quando a lua não está, a pequena mas brilhante estrela está lá sempre, para nos fazer lembrar que embora ausente, aquela que é possuidora das mais variadas formas, está lá. Sempre esteve.
No crepúsculo de um fim de tarde não tão frio como o vento gelado quer fazer parecer, ali se vive, com maior ou menor dificuldade, com palavras, com o silêncio.
E com o olhar.
Fixado no chão, interrompido pelo som e pelo voo dos patos. Interrompido também pela vontade de aproveitar o momento e as simples coisas. E fixa-se, também, em duas pedras, também elas preciosas, verdes. Um verde simples que pode ser bem complexo. Por entre esse verde, sobressai um quê de amarelo, que lhe dá um ar único, que se torna tão grande quando iluminado pelo sol.
Por fim a noite cai e eu também, acompanhado pelas pequenas coisas (:





"A wise man said to me
Don't underrate simplicity
So I strip my life away
And try to live each day by day
And feel
Each moment new
"

sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma história sem sujeito.

"de volta ao seu paraíso local, sai do carro com um pacote de bolachas e um iogurte de beber enquanto fecha a porta com um pontapé.
Ainda com a cabeça não tão lúcida quanto gostaria, olha em frente e vê, ao fundo, uma rocha. 
Algo estava diferente de todas as outras vezes.
Desta vez a rocha não estava vazia. Não estava vazia de pessoas, de sentimentos ou até de memórias.
Não.
Desta vez a rocha estava cheia. Bem cheia.
Enquanto se dirige para a rocha tenta encontrar o melhor caminho para não sujar as sapatilhas, já sujas, na lama.
Finalmente chega à rocha. Chega e pára enquanto olha.
Respira fundo e senta-se na rocha não vazia.
Algo está diferente. Até a água estava diferente hoje. Estava calma, reflectia na perfeição o céu azul avermelhado, as árvores que ao fundo permaneciam imóveis, talvez congeladas. Assim como o seu coração.
Mas este hoje contrastava com o frio da rocha, com o gelo das árvores. Hoje tudo estava diferente.
O tempo passou, gelado. As pernas tremiam e as mãos rapidamente corriam para os bolsos, como que a pedir abrigo.
Quando se sentou na rocha, apenas conseguia olhar em frente ou para a direita, olhando de vez em quando para a esquerda, ainda que a medo. 
O tempo continuava a passar, gelado. E com ele trouxe a noite, também ela gelada. Que por sua vez trouxe a lua, as estrelas. Dava para vê-las reflectidas naquelas águas calmas, também geladas.
Tira uma mão do bolso e vê as horas no telemóvel, como que a pedir que não fosse tão tarde como sabia que já era.
Levanta-se da rocha e esta fica vazia, como tantas outras vezes.
Dirige-se para o carro, tentando ver o chão que pisa iluminado também pela lua, mas não evita mais uns tropeções. 
As portas fecham-se e sente-se leve. Bem mais leve, como se tivesse desabafado um ano da sua vida numa hora.
E sente saudade."


Tristan La Cienega

(era esta a música)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Uma história sem sujeito.

"vem de longe, de uma terra que não é a sua e algo leva a que vá discoteca, mesmo sem grande vontade.
Entra com a cabeça sóbria de álcool e pensamentos, pede uma cerveja e coloca-se a um canto, a olhar. A olhar sem ver, como tantas vezes lhe acontece.
Uma cara conhecida, uma conversa.
Outra cara conhecida, mais uma conversa.
E ali continua, no seu canto, com o seu jeito desleixado a olhar indefinidamente para qualquer lugar.
Até que surge outra cara conhecida. Talvez uma cara que não quisesse ver. Talvez uma cara que precisasse de ver.
Dentro de si sente não sabe bem o quê, talvez a dúvida seja o que mais se adequa.
Pede outra cerveja e regressa ao seu canto, tentando continuar a olhar indefinidamente não sabe bem para onde.
O olhar que nada vê foge, de vez em quando, para o lugar onde consegue ver.
Entre outra conversa, pede mais uma cerveja, e vai para a pista, e com os seus passos descoordenados lá se vai mexendo ao som da música, que tenta sentir. 
Durante algum tempo diverte-se com o seus, enquanto o seu olhar divaga pela sala, sem parar em lugar algum.
Abraços, saltos, fotografias, álcool, sorrisos, gargalhadas. 
Tem tudo para estar feliz ali e naquele momento, mas por alguma razão não o está.
Vai à casa de banho molhar a cara. Levanta a cabeça, olha-se ao espelho e vê o seu cabelo despenteado. Passa-lhe as mãos duas ou três vezes e sai, sem se importar muito se ficou bem ou não.
E regressa ao seu canto, por momentos.
Desta vez não para olhar para qualquer lado, indefinidamente, mas sim para olhar para onde quer. E sabe para onde quer olhar.
E ali fica.
Volta para a pista com mais uma cerveja, puxa de um cigarro e com a cabeça não tão sóbria de álcool e pensamentos tenta apenas ouvir a música, para que o seu pensamento não se distancie muito daquele metro quadrado que ocupa com os seus movimentos atabalhoados.
A noite fica perto do fim.
Nem um olhar trocado. Nenhum cheiro antigo sentido. 
A noite acaba e sai. Entra no carro e acelera para casa, com vontade da sua cama, do seu travesseiro onde deita a cabeça e viaja.
Até que adormece, só."

Tristan La Cienega



"hoje toquei num avião sem tirar os pés do chão."

sábado, 22 de janeiro de 2011

Parabéns Mãe.



Palavras para a Minha Mãe

mãe, tenho pena. esperei sempre que entendesses 
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz. 
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente. 

pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste 
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te 
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente. 

às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo, 
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia 
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz. 

lê isto: mãe, amo-te. 

eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não 
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que 
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não 
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes. 

José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão



Estas são as palavras que nunca te disse, mas que sei que tu ouviste mãe.
Gosto quando estás feliz :)



sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

então está bem.



"And he who forgets...
will be destined to remember."

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

is good, is life, is me.

Chego a casa, depois de uma noite.
Deito-me, ligo o computador para ouvir música e lembro.
Fico confuso, mas sem a certeza do que me põe assim.
É estranho.
Vou desligar o pc e continuar a ouvir música no ipod, até adormecer.
Não sei porquê.
Não sei se é bom se é mau.
É estranho apenas.


 
   "Last night I got so wasted
                                                                                                                                         Can't leave though you expect me to be too"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

 


Sentimos no ar a melodia etérea. É a nossa música.
Cantamos e dançamos como se fosse a última vez, o
último olhar, o último toque, o último beijo.
Estás linda.
O teu vestido, da cor do vinho que enche os copos,
aquece o chão que pisas e relembra a razão. Todas as
razões.
Diz-lhe para parar aqui. Eu queria tanto parar aqui.
Os olhos param em ti e em mim, enquanto preenchemos o
espaço vazio, impossível de preencher por alguém que
não nós. Não pedimos o fim, mas não nos importamos se
acabar assim.
Diz-lhe para parar aqui. Eu queria tanto parar aqui. 
O mundo é grande e em todo o lado se vive
Diz-lhe para parar aqui, vivemos em caixas de fósforos. Não
sopres.
Se as mãos pudessem dizer por mim.
Eu queria tanto parar aqui.



Pára.
     

domingo, 9 de janeiro de 2011

Uma história sem sujeito.

"depois de uma viagem para uma cidade que já foi a sua, chega a hora do almoço. Chega também a sua boleia e arrancam, sem saber para onde estão a ir, mas também sem fazer perguntas. O caminho parece-lhe familiar, mas já não se recorda de onde o reconhece, pois já faz algum tempo que não passava ali.
Enquanto lê uma revista qualquer, espalhada pela carrinha, não liga mais ao caminho ou onde está, apenas se concentra em ler um qualquer artigo nessa tal qualquer revista.
Sem saber porquê, a cabeça diz-lhe para olhar em frente. E assim faz, olha em frente. Olha em frente e depara-se com um lugar outrora conhecido, agora recordado. 
Desce a avenida e olha em frente, para o lugar que também já foi seu, por mais do que uma vez. Lugar esse que lhe traz velhas e inocentes memórias, do tempo em que a adolescência encorajava a abandonar a sua terra por um dia, para ir. Ir e ao final do dia vir. Vir e não querer.
Abandonam essa rua, viram à direita, e entram no restaurante, não podendo olhar mais para o lugar que também já foi seu. Apesar de não poder olhar, consegue vê-lo. E vê-o com os seus olhos, munidos da recordação.
Pede para que o almoço acabe rápido e sai da mesa, sai do restaurante, e vai em direcção ao lugar que também já foi seu.
Passado o jardim, salta o pequeno muro e entra no nevoeiro que se faz sentir numa qualquer tarde de Dezembro.
A vontade diz-lhe para tirar as sapatilhas, sujas, mas já não é adolescente e a razão fala mais alto. Anda uns metros, tropeçando uma e outra vez e senta-se. Senta-se na areia, no lugar que também já foi seu.
Sentado, desaperta o casaco, levanta ligeiramente a cabeça, como que a saudar o sol tímido que se esconde por trás das nuvens, aprecia o mar uma última vez, fecha os olhos e olha em frente.
E vê tudo o que se passou naquele lugar que também já foi seu.
A recordação é trazida pelo vento que vem, mantida pelo nevoeiro que fica e levada pelo vento que vai.
Permanece ali, na areia moldada ao seu corpo, a viver. Ou melhor, a reviver. E ali fica, não sabe quanto tempo, mas sabe que está na hora de abandonar o lugar que também já foi seu e voltar para junto dos seus, que esperam no restaurante.
Levanta-se e caminha, tropeçando ainda mais vezes do que antes. Talvez por serem as pernas a dizer-lhe para que não vá, para que não abandone o lugar que também já foi seu.
Chega ao fim da areia, senta-se no pequeno muro que dá para o passeio de pedra e olha uma última vez para o lugar que também já foi seu. 
E ali fica."


Tristan La Cienega

sábado, 8 de janeiro de 2011

domingo, 2 de janeiro de 2011

opiordiadoano

Olá minha gente!

Hoje percebi o porquê de há exactamente um ano ter dado este nome a este blog. Porque realmente hoje é o pior dia do ano :|

Sobre a passagem de ano propriamente dita, apenas vou dizer que foi altamente.
Mais uma vez festejámos a meia noite e cinco (que já se torna tradição) e batemos os testos, acompanhados de um pequeno banho de champanhe.
Depois foi ir para dentro, deixar o pessoal entrar em casa e em mim e conviver, viver, ver.
Saímos de casa e demos a mesma volta dou outro ano, parámos no mesmo sítio do outro ano (apesar de um bocadinho diferente), tirámos fotos com o menino jesus, a maria, o josé, os três reis magos, com o burro e com a vaca.
Chegado ao bar, já tarde, foi aproveitar o melhor possível. Brindes, abraços, conversas, vivências.
Quando me apercebi já eram horas de tomar o pequeno almoço, mas não cheguei a fazê-lo.
Quando chegou a minha hora de ir para casa, sem refilar muito, lá fui.
Chegado a casa, foi tempo de me deitar e aterrar, para algumas horas depois o sol, já fraco, me apresentar opiordiadoano.


Espero que tenham tido o melhor dia do ano.
Abraço, SkippY.

Ah, e parabéns ao piordiadoano que faz hoje (ontem) anos =)