but Heaven is where Hell is..

domingo, 27 de março de 2011

rule number one




People say "you only live once"
But if you do it right
ONCE IS ENOUGH !

sábado, 26 de março de 2011

domingo, 20 de março de 2011

uma história sem sujeito.

 Processos de purificação


"sexta feira à noite e fica só, não no seu lar mas em sua casa.
o dia é passado na cama, com a cabeça pesada e o corpo poluído por um ou outro copo que não deveria ter sido bebido na noite anterior.
liga o computador e põe a rolar um filme que alguém lhe passara com alguma intenção que iria agora descobrir.
continua na cama, com o corpo deitado, mas sente que é hora de se levantar para relaxar o corpo ainda pesado.
num repente, veste umas calças, a sua camisola quente vermelha de carapuço, pega no porta moedas e sai porta fora, com a cabeça tapada, com os óculos postos, querendo ser invisível e sem tirar os olhos, também eles pesados, do chão pois não lhe apetece ver ninguém.
chega ao supermercado, compra duas cervejas e um pacote de batatas fritas e volta a casa para acabar de ver o filme.
acabada a sessão de cinema, sente que chegou a hora de sair, para lugar incerto, passar algum tempo só consigo, sem interferências.
já passa da meia noite e quando se apercebe está num banco de jardim a saborear as batatas fritas acompanhadas da cerveja que sobrou.
anda alguns metros e, mais abaixo, senta-se e encosta-se a um muro talvez mais escondido do que pensara.
encosta a cabeça ao muro, fecha os olhos e tenta abstrair-se de toda a sujidade que vai na sua cabeça, enquanto sente a brisa fria da noite a percorrer-lhe a cara e a entranhar-se nos ossos que o seu casaco não consegue proteger. 
põe a tocar uma música não tão acidental como isso.
sente o pensamento a fugir, a alma a ser lavada e está longe.
bem longe.
ali permanece por algum tempo, limpando a mente das impurezas a que tem sido sujeita, ou pelo menos tentando fazê-lo. 
abre os olhos, levanta-se e volta a casa com a mente mais leve, mas com o corpo ainda pesado."

Tristan La Cienega

sexta-feira, 18 de março de 2011

é como quando te queres rir mas os teus músculos faciais estão sem força, sem responder ao que a tua cabeça pede.
e ainda assim ris-te, mesmo que não o mostres, ou não tenhas força para o mostrar.
mas ris-te.
e o importante é rir.
mesmo com a cara pesada, fechada, sem a expressão do sorriso.
mas por dentro, na tua cabeça, ris e ris, sem o conseguir mostrar.
até que chega um ponto em que lá esboças um sorriso, um pouco seco é verdade, mas serve para te desmascarares por um bocado e mostrares uma ínfima parte do que realmente és,  voltando à cara triste e pesada do início.
e continuas a rir.
porque no fim é mesmo isso que vale, um riso, um só riso, um sorriso.

"sorri, sou Rei!"

quinta-feira, 17 de março de 2011

 Perseguição da beleza

"Há quem persiga o poder, o dinheiro, a fama. Eu persigo a beleza. Não é uma escolha. É uma condenação. Sem beleza faleço. É um trabalho difícil, muitas vezes doloroso, cheio de revezes. Já passei dias e dias com as mãos na garganta apavorado que ela não volte a visitar-me. É difícil dizer o que é aquela poderosa presente ausência que nos oprime e agarra. Nunca está onde está, mas sempre um pouco mais longe, noutro sítio. Não são cores, imagens, sons, nem sequer a suave pele de uma mulher que me encantam. É o que está para além disso e que isso chama. A beleza corre o permanente perigo de a qualquer momento se desfazer em nada. É, na verdade, por completo insustentável. Não se pode medir, calcular, torná-la obedientemente exacta. É impossível provar que existe. Daí a urgência, o coração a bater na boca. A perseguição da beleza é uma corrida de obstáculos sem meta de chegada. Basta o som de uma voz para rasgar futuros. Basta uma fotografia de uma mala fechada sobre  uma cama para abrir horizontes. Todos os cuidados são insuficientes. É um trabalho longo preenchido de mistérios. Se se procura controlar, escapa. Se se procura guardar, esvai-se entre os dedos. Tem de ser roubada com toda a rapidez e mantida no movimento que é só dela. Se se tenta parar, fixar, já não vale a pena. O dinheiro tem certamente as suas vantagens. Uma das poucas coisas que serve para várias. E a beleza não serve de nada. Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. A tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que um qualquer fanatismo sabe que tem a fazer é demolir com a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. A beleza alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada."

Pedro Paixão

domingo, 13 de março de 2011

problemas de expressão.

há já algum tempo que não vinha aqui, não de verdade.
sinto no peito a necessidade de escrever, de traduzir a minha revolta em palavras, ou até mais, em letras colocadas sequencialmente de tal maneira que possam fazer sentido, pelo menos para mim.
mas a sequência das letras, apesar de correcta, não faz com que a sequência das palavras seja ela também ela correcta, deixando as frases de fazer sentido, pelo menos para mim.
não me estou a conseguir expressar.
a revolta permanece assim bem no sítio onde está(va) e ri-se de mim, como que a gozar.
e eu sem poder fazer nada.
resta-me escrever algumas letras, que vão dar origem a palavras, pela ordem que achar mais correcta, tendo não que fazer sentido elas.
não faz sentido.
osjfjiefa dsapijdwifwfh asdjq« ef s jf aiefj piefj eofjas ffijpejfasjfº ~.
continua sem fazer sentido.

e assim fico, com mais ou menos sentido, sem ser compreendido ou sem fazer muito por isso, porque a sequência está errada..
                                         .... e assim continua.
Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!"


                                           José Régio

sexta-feira, 11 de março de 2011

I guess.



You shouldn't be here...
I feel awkward, and good
To be near you,
Watch you rip through paper Wool...

Time may stall,
And i may be late...
I want it now,
But i guess i can wait...

You buy a bicycle,
I hear you coming over for Food...
Feed my appetite
With a mouthful of you...

Time may stall,
And i may be late...
I want it now,
But i guess i can wait...
I guess I can wait...

You shouldn't be here,
I feel awkward.


hope I'm not wrong