but Heaven is where Hell is..

terça-feira, 26 de abril de 2011

uma história sem sujeito

O brilho dos olhos.

"(...) como de costume, chega mais tarde do que deveria, mas chega. Estaciona apressadamente, sai do carro e olha disfarçadamente para ver com o que conta. 
Segue para um abrigo não tão abrigado do vento como podia parecer, mas mesmo assim senta-se, do lado do vento, para não o deixar fugir para outro lado que não o seu. 
e ali fica, a dar e a receber mais um pouco de si.
as nuvens cinzentas lá longe fazem-se acompanhar de uma brisa fresca, que apenas serve para aconchegar e limpar a alma de toda a sujidade que fica esquecida por momentos, enquanto é levada e lavada por essa mesma brisa.
mais rápido do que seria de esperar, as gotas de água caem, ainda que a medo, e fazem-se sentir. Nas rochas, na água, na copa verde das árvores, em todo o lado. 
Coloca o carapuço do seu casaco velho para evitar molhar o seu cabelo seco e despenteado. Passa a mão por cima da cabeça tapada e apercebe-se que não tem nem uma pinga, apesar de continuar a chover.
Chove em todo o lado menos naquele metro quadrado de vida.
Entre o tempo que vai desde que se apercebe até que estranha esse fenómeno, a chuva começa a cair com mais força e aí sim, chove em todo o lado. 
Levanta-se e vai-se sentar numa mesa coberta por um pequeno telhado.
Senta-se em cima da mesa ao mesmo tempo que põe os pés sujos de lama em cima do banco de mármore também ele sujo, pelo tempo.
E repara na água a cair na água.
Enquanto a água que cai do céu toca água que está parada, esta brilha.
Sim, brilha mesmo.
um brilho natural, provocado pela conjugação da água que cai, da que se levanta, do sol escondido atrás das nuvens, da luz fraca e dos seus olhos, que também brilham. 
e ali fica, a ver o brilho da água e a absorver a simplicidade dos momentos que se vivem. "

Tristan La Cienega

segunda-feira, 25 de abril de 2011

enquanto houver estrada para andar..

no seguimento do post anterior apareceu-me esta música que em algumas partes traduz melhor aquilo que eu não consegui dizer por palavras.



"que a liberdade é uma maluca que sabe quanto vale um beijo.."

25 de Abril

Hoje comemora-se a liberdade.
liberdade !
Assunto que tanta controvérsia (me) traz e assim continuará.


há quem diga que a liberdade é boa, há quem diga que é má.
a verdade é que não há nem pode haver quem garanta qual das duas partes é que está certa. Por isso resta escolher uma delas, agarrar-se com maior ou menor dificuldade e seguir, com todas as consequências que isso possa trazer.
Porque acima de tudo, hoje comemora-se Abril !




sexta-feira, 22 de abril de 2011


"Hello. Don't be scared. I want you to know, you're not dead."

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Tributo ao tempo

"Dizem que a vida é curta, mas não é verdade. A vida é longa para quem consegue viver pequenas felicidades. E essa tal felicidade anda por aí, disfarçada, como uma criança que brinca às escondidas. Infelizmente, às vezes, não percebemos isso e passamos nossa existência colecionando nãos: a viagem que não fizemos, o presente que não demos, a festa à qual não fomos, o amor que não vivemos, o perfume que não sentimos... A vida é mais emocionante quando se é actor e não espectador, quando se é piloto e não passageiro, pássaro e não paisagem, cavaleiro e não montaria! E como ela é feita de instantes, não pode e nem deve ser medida em anos ou meses, mas em minutos e segundos. Esta mensagem é um tributo ao tempo. Tanto àquele tempo que soubeste aproveitar no passado quanto àquele tempo que não vais desperdiçar no futuro. Porque a vida é agora! "Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um chama-se ontem e o outro amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver."

Dalai Lama

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Wash my skin of all the hate.

sim, passado uma semana ainda tenho dentro de mim o peito a arder, mas não pelas melhores razões, não pelas quais deveria/poderia ser.
não.
Trago dentro de mim a revolta de um último ano de trabalho que, embora não tão organizado como o ano passado, exige grande esforço e dedicação na mesma.
Trabalha-se duro, traçam-se objectivos, traçam-se metas, criam-se ilusões, sonha-se, para quê ?
no fim de contas tudo é deitado fora por uma irresponsabilidade e age-se como se algo de normal se passasse.
tudo não passa de uns meros "se".   
-se lá estivéssemos
-podíamos ter chegado longe
-este ano era para ganhar
Foda-se.

tenho de deitar cá p'ra fora essa raiva,  que me tem apertado nesta última semana, apesar de evitar pensar.
talvez por não pensar ainda a trago dentro de mim, essa que não me deixa aproveitar aquilo que de melhor esta semana me deu.
Agora duas semanas na terrinha, a ver se volto a encontrar a serenidade e tento canalizar essa "força" para fazer algo de bom.

domingo, 3 de abril de 2011

Palavras trazidas pelo vento

"... ela abandona a sua posição inicial, deita-se no seu colo e pede silenciosamente para que ele lhe acaricie o cabelo e lhe toque a alma. Ele assim faz, pelo menos a parte do cabelo.
Nunca teve jeito para estas coisas, mas esforça-se e faz o melhor que pode. 
O filme já vai longo e tudo o que fica é aquele momento de simplicidade, tão cheio.
Quando se dá conta, tudo no quarto permanece imóvel. A calma apenas interrompida pela constante mudança de imagens no computador.
Apenas se ouve a respiração de duas, entre milhões de pessoas, presas no tempo.
Angus apenas vislumbra a sombra reflectida pela luz do ecrã e repara na imobilidade que se faz sentir. E continua a olhar, sozinho, com o pensamento bem longe.
Inesperada e alternadamente, vem-lhe um odor que lhe recorda tantas e tantas coisas boas e também más, enquanto lhe continua a passar as mãos desajeitadas pelo cabelo.
Por fim Karen acorda e, ainda confusa, deita-se frente a frente a ele e põe uma lista a tocar. Embalados pela música e pela luz fraca tocam-se, enquanto trocam palavras,  olhares inocentes mas maduros, e mais que isso, trocam (de) vida, mesmo sem o saberem..."


Porque há textos que aparecem sem contarmos e que realmente se adequam ( :