"..na mesma varanda, com a mesma roupa casual de quem pouco importa o que vestir, lá está, pelo mesmo motivo, mas num dia diferente.
Por entre a chuva, e o frio, a casa está vazia de pessoas, despida de vida. Uma tão familiar música faz-se ouvir ao longe, tão longe quanto a memória. Ignora a música e entra naquele estado em que estar de olhos abertos ou cerrados tem exactamente o mesmo efeito.
A mente vai longe e a vida é tão boa naquele momento.
Por momentos tem a seu lado tudo aquilo do que sente falta. Pessoas. Lugares. Momentos.
Deixa o seu estado de transe passageira e regressa à sua varanda com vista para nada. Pelo menos nada que importe.
Revoltado com a injustiça de não poder desfrutar de uma vista minimamente agradável da sua varanda, encontra no céu o único ponto digno de ser olhado e apreciado.
Hoje o céu está estranho. As nuvens carregam a chuva miudinha de uma tarde de inverno, mas escondem o sol frio e triste que insiste em aparecer.
E aparece. Mas não traz mais sentido ao dia, como tantas e tantas vezes é costume. Hoje o sol não brilhou da mesma maneira, porque hoje celebra-se o dia e o lugar onde jaz o seu coração."
Tristan La Cienega
Gosto!
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