but Heaven is where Hell is..

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Uma história sem sujeito.

".. ao longe, na sombra de um acidental raio de sol, lá se encontra. Entre as refrescantes gotas de chuva e a leve brisa que passa e acaricia a sua cara, fazendo-lhe lembrar velhos momentos, talvez velhos de mais, mas que parecem presentes. Presentes amaldiçoados pela razão, vendidos pelo tempo, que passa. Passa e não se sente, a não ser pelas novas rugas na sua cara, a barba já velha, por fazer. Pelos olhos cansados de olhar mas não ver. Na varanda, entre as gotas de chuva e o fumo branco de um cigarro, os olhos olhavam mas não viam. Apenas o seu uso era constante, fazendo permanecer e aumentar o cansaço de não ver, mas de sentir. 
Já há muito que não sentia, e continua a não sentir, mas por entre um ou outro momento de fraqueza inconsciente, sente.
Sente momentaneamente, não com a intensidade de outrora. O sentimento vai-se quando a sua mente volta ao lugar onde pertence, para onde os seus olhos olham e vêem. 
Esse lugar é a sua cabeça, o seu eu, tão imperfeito quanto possa continuar a ser. 
O raio de sol é abraçado pelo nevoeiro, que o tapa e traz consigo a nostalgia de uma tarde carregada de nada, que lhe diz que continua vivo de corpo de alma (..)"

Tristan La Cienega

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