22/03/2010

- "É difícil não baixar os braços."
- "eu sei."
- "Como, se nunca os tentaste levantar?"

  Hoje perdi um (grande) pedaço de mim. Do que fui, do que sou, do que vivi, do que senti.
  Hoje fui obrigado a tomar uma das decisões mais importantes: deixar fugir o amigo. Sabem o que isso é?
  Este é um dos post's mais sentidos, senão o mais sentido, que escrevo.

  Sei que vais ler este texto, mas digo-te que é a última notícia que vais ter de mim, como assim o quiseste.
  Vou atender ao teu pedido. É o melhor para ti. Talvez seja também o melhor para mim, quero acreditar nisso.
  O nosso passado está preso em nós e não nos deixa avançar. Com esta decisão espero que sigas o teu caminho e sejas finalmente feliz, sem me ter por perto a estragar os teus planos, a meter-me na tua vida de forma egoísta, embora despropositada.

-"não estás bom da cabeça. Deves ter algum problema"
 
  Não precisas de me magoar para me afastar de ti. Desta vez vou respeitar o que "prometi", por mais que me custe.
  Quando estiver só não te vou chamar mais para me acolheres, quando me sentir triste não mais vou pedir que me animes. Não vais mais sentir as minhas alegrias, as minhas tristezas. Não me vais ver mais, embora saibas onde me encontrar. Vou cumprir o "plano". Não vais sentir mais a minha falta. Não te vais sentir usada por mim nunca mais, até porque nunca o foste. Não vais ter motivos para voltar a querer falar comigo, para voltares a ver-me,  para te lembrares daquilo que fui, sou e serei.
  Acredita que a partir de hoje sou uma pessoa diferente.
  Se antes o meu coração era frio, agora congelou.

  Hoje voltei a chorar. Pela única mulher que chorei até hoje. Chorei sim. Mas senti que foi a última vez que o fiz.
  Espero estar enganado.

Desculpa se não te apoiei da melhor maneira nos teus problemas. Sim, tu, infelizmente, tens muito mais com que te preocupar.
Desculpa se baralhei a tua vida uma vez mais, não volta a acontecer.
Desculpa se me tornei em mais um problemas, não volta a acontecer.
Só quero que saibas que não sou um monstro. Tudo o que fiz foi despropositado. Nunca quis magoar-te, acredita.

Pediste-me para apagar o teu número? Vou fazê-lo.
Pediste-me para apagar o teu e-mail? Assim farei.
Queres ver-me o mais longe possível? Assim será.

Não vais mais ouvir falar do João. O João morreu, ou melhor, deixou de existir.
Esta não é uma carta de despedida. É sim uma carta de raiva com a merda que fiz despropositadamente. É uma carta de revolta. Revolta com a lógica que, incompreensivelmente faz duas pessoas separarem-se. É também, sem dúvida, uma carta de tristeza.
Sei que já passámos por isto vezes de mais para saber que desta é a valer.
Vou fazer tudo como me pediste, até porque não quero falhar com um dos meus desejos para este ano: não magoar as pessoas. Acho que comecei da pior maneira.
Não sei se algum dia vai haver alguém como tu na minha vida. Quero que saibas, e sei que sabes, que foste das pessoas que mais me influenciou e que me fez crescer. Das que mais me ensinou. A pessoa a quem eu mais me dei. A pessoa que por muitas e muitas vezes me fez falta. A pessoa que amei e odiei. A pessoa que me fez ver o quão as pessoas são egoístas com os seus "problemas". Quanto aos teus, sei que não me vais ter mais aqui, mas aproveito para desejar que tudo corra bem (tu sabes do que falo).

Assim me despeço. Não com o "até um dia", porque como tu disseste "não é até um dia, desta é mesmo a sério" , mas despeço-me sim com um "Fica bem. Espero que sejas muito feliz sem mim. Foi assim que o destino o quis".
Também não sei até que ponto acredito no destino, mas a verdade é que ele anda por aí.

Aproveita a tua viagem daqui para a frente.

"woke up and for the first time the animals were gone
it's left this house empty now, not sure if i belong"