but Heaven is where Hell is..

sábado, 20 de novembro de 2010

SkippY live @ insomnia

É madrugada de sexta. Como sempre, vou até ao café e antes de sair digo que vou chegar cedo a casa, deitar-me cedo, levantar-me cedo e ir à rua para aproveitar o pouco tempo que estou em casa.
Olhando para o relógio são 4:28H, o que quer dizer que não me vou deitar cedo. Que amanhã não vou acordar cedo e aproveitar o tempo em casa. Que não vou viver a minha vila, que sempre me acolheu e que eu não visito há algum tempo.
Não.
Em vez disso estou na cama, metade debaixo da roupa que me mantém quente, e outra metade fria.
Hoje não chove, não faz vento. Não passam carros ou pessoas. Não.
O sono não se tem dado muito bem comigo. Pelo menos não às horas em que deveria dar.
De dia ele vem, agarra-me e muitas vezes não me deixa separar dele. De noite ele foge e não me abraça, apesar de eu o chamar.
E eu vagueio.
A minha cabeça vagueia, bem mais do que gostaria.
O meu pensamento corre mundo, e também não se cansa.
Pedaços de memórias vêm a mim, fragmentadas pela distância e pelo tempo, mas memórias que tento manter vivas dentro de mim, para que não sejam esquecidas. Não por completo.
Memórias boas, más. Memórias de infância, de adolescente. Memórias de ontem, de hoje.
Algumas delas sou eu que insisto que saiam, para bem longe, mas elas voltam.
Afinal não controlo tudo em mim.
A noite cai e com ela vem a melancolia dos factores que ela traz nesta altura.
A noite, a chuva. O vento lá fora.
A água a cair nas caleiras, o vento a soprar e a querer entrar a toda a força no meu quarto, que sabe para me levar. Ou porque não para me "lavar" ?

Calço os meus chinelos frios e levanto-me.
Vou à casa de banho e passo pelo espelho. Vejo o meu cabelo despenteado, a barba por fazer, o pijama desalinhado do meu corpo e reparo nos meus olhos.
Escondidos por detrás dos óculos, lá estão. E com eles as olheiras características desta hora da noite ou até mesmo de todas as horas do dia.
Levanto os óculos, aproximo-me do espelho e vejo mais de perto.
Hoje os meus olhos são maioritariamente pretos, com um pequeno contorno de verde, mas pouco.
A parte branca está vermelha.
Afasto-me e sigo caminho. Volto à cama, termino o texto e tento não pensar.
Tento apenas descansar estes olhos que se mostram cansados, muito embora não os tenha forçado demais. Até tenho ideia que os tenho poupado.
Fecho os olhos. Mil e uma imagens me invadem e eu tento que elas se vão embora.
Mas elas ficam.
E eu vejo-as, uma a uma. Cada pormenor é apreciado, mesmo eu não sabendo, tinha reparado nele.
São três os temas principais dessas imagens/memórias.
Continuo sem conseguir adormecer nem fazer com que a imagens se afastem.
Pego no ipod e ponho uma qualquer música a tocar.
Inocentemente, tento enganar-me a mim próprio e ponho uma não tão casual música.
E assim adormeço, embalado pela letra de uma canção, pela imagem de uma memória e pelo peso do cansaço.




"And the night goes on to see for you
There were angels in the Glaslights
Yes, it’s true
"
M.H.

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